terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Suely Firmani apresenta...

Há poesia no barulho de qualquer lugar.
Ela se encontra nos ouvidos de quem é
Poeta de zizuns, tanstan, razás, querqués
Que por sarro qualquer coisa usa para rimar.

Há poesia nos sons insólitos da rodovia,
Da mata, da cotovia, da lata, da padaria.
Aos que ouvem atentos a qualquer grunhir
De que fazem musica, melodia para sentir.

Se cai uma pedra na água que espirra
Ou se um fruto maduro não se agüenta.
Se algum grito inoportuno se inventa
Na madrugada escura longa e friorenta

Haverá uma poesia feita na piscina,
Outra no pomar de mangas e caquis,
Haverá poesia no escuro da pracinha,
Ou debaixo do cobertor que está aqui.

Haverá poesia na briga de qualquer casal,
As rimas é que bem se devem resguardar
Ao dizer coisas como: ouviu, ponto ou tu,
Combinar tudo certinho pode acabar mal.

Mas a poesia se faz e refaz no perdão dado,
No perdão recebido e sem delongas inúteis,
Pois a poesia quer invadir os abraços,
Aproximar os lábios ávidos e táteis.

Há poesia no barulho de qualquer lugar,
Ou mesmo até na decisão de silenciar
O poeta, a poesia, o amor, a padaria
A rodovia, o mar, o pregador a proclamar.

Mário Coutinho

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